Friday, July 07, 2006

Sobre o sono dos amantes

Ele fica agitado se ela o encara por muito tempo. É sempre assim. Então ela espera o momento certo. Sabiam que o momento certo sempre chega? Ele (o momento) costuma chegar de sexta-feira à noite.
Os dois se encontram, acontecem tantas coisas. Mas eles sabem que, mesmo adorando as banalidades, estão esperando a hora chegar. A hora dos corpos entrelaçados. A hora da respiração ofegante. A hora desmedida.
Depois da hora desmedida, ela já sabe: ele cai no sono. É apenas um breve cochilo, mas é talvez a única vez no dia em que ele dorme pesado. Quase que se desliga do mundo.
Pronto. Agora é o momento. O momento em que ela pode fazer algo tranquilamente, sem censura, sem levar travesseirada na cara ou ouvir "pára que eu estou sem graça".
A menina aproveita o momento singelo e...olha para ele. Fixamente. Como ele nunca permitiria - se soubesse. Ela olha, e pode dizer sem ser repreendida: Deus, ele é lindo. Ele é tudo o que eu jamais poderia imaginar em ter. E vamos nos casar.
Aí ela ri baixinho, como se fosse uma criança que aprontou alguma traquinagem. Sacia-se de olhar para ele, fecha os olhos e enfim, dorme. Dorme com ele, sonha com ele. E o melhor...acorda com ele.

27/10/2005

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