Wednesday, August 30, 2006

A auto-piada (porque precisamos rir de nós mesmos)

Já estão anunciando o jogo do ano...

O clássico dos rebaixados!!!

Com apenas uma partida, histórica:

Corinthians versus Plutão!!!

(Tá, péssimo, mas os meus amigos queridos e não-corintianos rirão, certeza)

Tuesday, August 29, 2006

Utilidade Pública (para o bem da humanidade)

...(ao menos a porção da humanidade que veste saias)

Uma conhecida minha, que chamarei de um nome qualquer, daqueles que se ouvem aos montes por aí, no mercado, na rua, dentro de casa (e vira pra ver se é com você...raramente é) ok, chamarei de Camila, por exemplo. Camila tem um querido amigo (chamaremos pelo nome fictício de Diogo) que perante sérias pesquisas com mulheres de várias idades, crenças e nacionalidades, constatou que a grande maioria gosta muito de sexo e de chocolate. E que, na ausência do primeiro, as mulheres multiplicam o consumo do segundo. A partir de tal constatação, Diogo resolveu criar o revolucionário vibrador de chocolate, o que exterminaria a carência feminina, intensificaria seu prazer, e faria com que sua felicidade estivesse acessível por uma módica quantia, em qualquer sex-shop e até na Kopenhagem. Mas a confecção de tal instrumento multifuncional (uma das funções seria combater o stress), recentemente teve que ser interrompida (ahhh), por uma questão puramente física: o pesquisador não encontrou uma maneira para que o aparelho, ao ser utilizado, não transmutasse do estado de vibrador para foundue de chocolate.
A amiga, solícita (e levemente interessada no assunto) tentou ajudar o inventor, entrou em contato com fontes confiáveis, Doutor Dráuzio Varella, entidades internacionais como Madonna e Sue Johanson. E, numa medida desesperada, foi na fábrica da M&M´s. Procurou também o coelhinho da páscoa, mas só conseguiu falar com seu empresário. Nada conseguiu.
Como derradeia tentativa, pediu para que eu documentasse o caso neste espaço chocólatra, dentro da world wide web.

Amigos, alguma sugestão? Aguardamos resposta (Camila, Diogo, eu...e quase todas as mulheres deste planeta agradecemos, desde já, a sua atenção).

PS: A opção de comercializar o produto para mulheres frígidas foi descartada, já que tais mulheres não demonstraram interesse na aquisição do milagroso aparelho, alegando que não são chegadas em chocolate (e menos ainda em sexo).

Eu sou egoísta

..."Se o que você quer em sua vida é só paz
Muitas doçuras, seu nome em cartaz
E fica arretado se o açúcar demora
você chora, você reza, você pede, implora
Enquanto eu provo sempre o vinagre e o vinho
Eu quero é ter tentação no caminho
Pois o homem é o exercício que faz
Eu sei que o mais puro gosto do mel
É apenas defeito do fel
E que a guerra é produto da paz
O que eu como a prato pleno
Bem pode ser o seu veneno
Mas como você vai saber... sem provar?
Se você acha o que eu digo fascista
Mista, simplista ou anti-socialista
Eu admito, você tá na pista
Eu sou ego, eu sou ista
Eu sou ego, eu sou ista
Eu sou egoísta, por que não?"
(Raul Seixas)

Friday, August 25, 2006

O dia seguinte ao adiamento.

Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
Esta espécie de alma... Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,

Quero preparar-me para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro.
(Adiamento, Álvaro de Campos)

Mas só amanhã...hoje não farei nada, só planos.

Ontem foi daqueles dias. Não diria que tenha sido ruim, definitivamente não houve nada, nadinha, absolutamente nada, e assim sendo não podemos computá-lo como um dia catastrófico. Mas um dia concha, aquele dia que acontece para todos, de tempos em tempos (e quando a pessoa, assim como eu, tem dom para personalidade-concha, esses intervalos são menores, os dias conchas vêm com mais frequência. E então, começou minha peregrinação (pois, não se enganem com a quietude externa, dias assim urram, doem).

A primeira fase é dormir. Muito. Dormir até não poder mais, até que seus olhos implorem para você deixá-los um pouco abertos, vivos para a luz do dia (luz que grita brilhante: Eu existo! De nada me valem suas cortinas de pano grosso, que teimam em se fechar). Depois de uns cinco pesadelos seguidos, entendi a mensagem, e atendo aos apelos do meu corpo, do meu subconsciente, da minha cortina de pano grosso, cansada do escuro, do sol-guerreiro, com sua luz deliberadamente indelével, enextinguível. Levanto.

Segunda fase. A revolução. Desligo os telefones, meu contato com o mundo externo. Não, não adiantaria fugir.
Notícias nos acham, em qualquer canto-concha que tentemos nos enfiar. Religo o
celular. E peço, amável, que ele não me traga notícias, por hoje.

Terceira fase. Arrumar a bagunça. Da casa, do quarto, do subsolo (o meu subsolo, minha mente confusa). Aos poucos. Começo pelo armário, o coitado guarda, silenciosamente, tantos objetos truncantes. Sim, daqueles que servem de modelo perfeito para "tinha uma pedra no meio do caminho". As pedras que marcaram meus medos, minhas angústias. Objetos pelos quais eu guardo sentimento, nutro afeição. Pra quê? Sentimentos por coisas atravancam os sentimentos por pessoas. Eternizar momentos? Na memória só. Roupas antigas, maquiagens vencidas (eu já havia me livrado das calcinhas desbotadas e das meias furadas no calcanhar no quando da visita
anterior a essa do dia-concha).

Quarta fase. O resto da tarde me cuidando. Comida saudável, abdominais, flexões de perna, pesinhos leves nos braços, que tenho horror àqueles músculos definidos.

Quinta fase. Começo da noite, embelezamento externo para ver se muda algo por dentro: máscara facial, tratamento intensivo para os cabelos, calmante para as - cada dia mais visíveis - olheiras. Unhas, depilação, coisa de mulherzinha. Uma bela escova.

Sexta fase. Pronto. Linda. Refeita. Uma ligação: "Vambora pro samba?" Não, hoje não.
Hoje termino como acordei: CONCHA (superstição boba, fechar o ciclo).

Sétima fase. Pensar. Repensar. Elaborar.
"Se hoje não fiz nada, amanhã, quem sabe, só para variar?" pensei. Hora de ativar a lixeirinha mental. Coleta seletiva, que manda sentimentos bons para o coração, para a memória de elefante que eu insisto em ter. E que manda os sentimentos "pedra no caminho" lá para o
rim. Me entupo de água, para o quanto antes eliminá-los - os sentimentos ruins presentes nos rins - na primeira ida ao banheiro. Deixar lá aquele amarelado do rosto, da alma (e então eu rio, lembro de amigos queridos, e volto a me sentir leve). Quieta. Subsolo em lento processamento de dados (anoto: abrir mais espaço no dísco rígido). Seleciono o que vai, o que fica.

Fase final. Quarto, reclusão. Um tanto de música boa, outro tanto de leitura interessante. Olho para o teto. O meu amor continua lá, como nas noites anteriores. Me esperando, como ele é paciente! A visão de pessoa tão querida me deixa calma, relaxada. Meus olhos, que antes imploravam para ver o mundo, pesam dois sacos de areia nas minhas pálpebras. Meu último pensamento: "Amanhã, sem falta". E durmo.

Monday, August 21, 2006

Quase Nada

(Zeca Baleiro)

De você sei quase nada
Pra onde vai ou porque veio
Nem mesmo sei

Qual é a parte da tua estrada
No meu caminho

Será um atalho
Ou um desvio
Um rio raso
Um passo em falso

Um prato fundo
Pra toda fome
Que há no mundo

Noite alta que revele
Um passeio pela pele
Dia claro madrugada
De nós dois não sei mais nada

De você sei quase nada
Pra onde vai ou porque veio
Nem mesmo sei

Qual é a parte da tua estrada
No meu caminho

Será um atalho
Ou um desvio
Um rio raso
Um passo em falso

Um prato fundo
Pra toda fome
Que há no mundo

Se tudo passa como se explica
O amor que fica nessa parada
Amor que chega sem dar aviso
Não é preciso saber mais nada...

OS BRASILEIROS

"Dois em cada três brasileiros já fumaram maconha. Três em cada cinco brasileiros acreditam em Deus. Cinco em cada oito brasileiros morderam a hóstia durante a comunhão. Oito em cada treze brasileiros preferem sexo anal. Treze em cada dezessete brasileiros habilitados pensaram em jogar um carro no poste só pra ver o que acontece. Dezessete em cada vinte brasileiros não sabem que o Homem da terra de Marlboro é um ator. Vinte em cada vinte e dois brasileiros não têm terra. Vinte e dois em cada vinte e três brasileiros têm certeza que seu azar é específico."

(Tirado de "15 cenas de descobrimento de Brasis", de Fernando Bonassi. Essa é a décima quarta cena, perdendo só para "O fim"). Fim.

Thursday, August 17, 2006

Me empresta um romance?

Eu sei bem que as versões brasileiras de Tom e Meg já existem. Sei que ele tem cabelos listrados e sorriso de ter fé na humanidade. Sei que ela tem cara de menina boazinha e olhos verde musgo.
Sei que eles moram no sul deste país, num lugar em que "almamente" sempre estive (era só dobrar a esquina e lá estaria a Redenção e seus lugares secretos, seus vendedores de algodão-doce, suas árvores frondosas.E, se eu desistisse do ônibus, eu andaria por aquela rua que tem um caminho feito pelas folhas de ipês amarelos. E, mais para frente, sentiria o cheiro das
bergamotas invadindo o ar).

Mas hoje...só hoje.
Será que eu posso roubar esse amor colorido a la Tom e Meg pra mim? E perguntar para alguém muito especial (pois só pessoas especiais merecem um amor desses):

- Você gostaria de sair, tomar um suco, ir ao cinema...pelo resto das nossas vidas?

A nova teoria do caos (Ou sobre como o mundo atingiu a paz)



Nagoya, num dia qualquer, sem importância (até então), 11h 42min 05seg:
Uma borboleta colorida levanta vôo, sutilmente, ignorante de sua vida efêmera.

São Paulo, nesse mesmo dia qualquer, 23h 42min 06seg (porque textos fictícios também têm delay):
Eu sinto sono, e dou uma piscada mais longa do que o habitual.

Pronto. Esqueçam a bomba atômica. Bin Laden, George Bush. Não vai nem dar tempo de falar Condoleezza Rice. Terremotos, maremotos, cataclismas. Nada é páreo.
Esses dois fatos, um em cada canto do mundo...aniquilarão a raça humana do planeta Terra. Ou farão com que as pessoas, definitivamente, sejam mais doces, sutis, carinhosas, leves (como um bater de asas, como um piscar de olhos).

*Ainda não decidi se fico com o final trágico ou o meiguinho. E então, a história fica assim,
inacabada. E, por via das dúvidas,me deixem dormir em paz.

Título alternativo, parte 2: "Sobre como é importante deixar a Camila dormir quando tem sono"

Monday, August 14, 2006

Como se fosse balanço

Lá se foi a primeira metade do ano, e já estamos folgados na segunda metade. Agosto continua o quê? Julho deu para balanço? Você fez alguma coisa do que planejava fazer neste ano? Claro que não. Fez, no máximo, aquilo que deixaram ou quiseram que você fizesse. Sempre assim, e você já devia estar habituado. Como, aliás, está. Ou não?
Por favor, não me venha com essa cara de inconformado de nascença. Já é do seu conhecimento, há muitas centenas de meses, que lhe cabe assistir a um espetáculo de que você, ao mesmo tempo, é comparsa mínimo. Espectador dos outros e de si mesmo: curiosa situação, né? A de tanta gente. Nem exceção você é. Não se envaideça. Não se melancolize.
É isso aí: dão-lhe o direito de fazer planos. Reservam-lhe, até, quadra especial para isso. Não assumem, porém, o compromisso de deixar que você os execute. Mas podia ser de outro modo? Pense na barafunda que resultaria da realização simultânea (e conflitante) de todos os planos individuais. Cada um com seu esquema, sua quimera: a explosão disso tudo, hem? Se preferir, bote a culpa nas estruturas e infra-estruturas, nos sistemas, no acaso, na sorte, em Deus. Poderes que impedem você de poder. Que podem por você.
Aí está uma confortadora transferência de responsabilidade. Deixassem você solto, agindo, era
aquela beleza. Vertigem boa: pensar em possíveis e impossíveis. No fundo, meu prezado, você tem é vocação para Deus. Mas o lugar está preenchido. À vista da frustração, só lhe resta ser um de seus (in)fiéis.Mas assim como é dificílimo ser Deus, não é nada maneiro submeter-se à sua
jurisdição. O código de proibições e obediências estica-se por mil volumes. A vida inteira não dá para a leitura. E a letra é tão miudinha! Em casa, na rua, no hospital, no espaço, em pensamento, você está sempre obedecendo a um parágrafo visível ou implícito. Ou o transgredindo. O sinal luminoso do cruzamento é muito mais do que sinal luminoso:Ç é sentença de morte, caso você não lhe dê a atenção exigida. Ou mesmo dando. O menor carimbo pressupõe regras invioláveis de conduta. O jogo da vida consiste, em parte, no estudo de como violá-las, simulando
reverência.
Você esperneia, revolta-se - adianta? Mesmo sua revolta foi protocolada. O caso da maçã estava previsto. A serpente estava prevista. Prevista, a expulsão do Paraíso. A lição de alguns autores é
que o Paraíso foi criado exatamente para o homem experimentar-lhe a privação. Da qual resultariam invenções, técnicas de compensação, poemas, sinfonias. Mas há também quem ache isso fábula de amor cinzento, descambando para o negro.
Acomodar-se, então, seria a receita? A razão estará com a minoria selecionada dos quietistas?Ou o caminho que eles encontraram é demasiado simplório para ser um caminho, e, em vez de conduzir à solução, gira em redor do problema, acentuando a insolubilidade?
Devaneios. Como você devaneia, irmão! Quer ser e não ser, sendo. Imagina o vazio, com a sua pessoinha lá dentro, escondida, resguardada, a se divertir com a imperícia dos outros, que vão aos trambolhões, expostos a chuva, granizo, fogo.
Como se você também não participasse desse existir precário, de que só algumas ressonâncias chegam à publicidade, em situações-limite.Existir que, por ser universal, tem força de regra,
torna-se normalidade.Escusa de dar balanço, ou antes, balancete, nesta parte carcomida do ano. Os erros são justificáveis, de uma forma ou de outra. É, não deu.
Os acertos, porque involuntários, o são menos. Não dependeram de você, confesse. De certo, que foi que dependeu de você: as marés, o câmbio, o desencontro das nações,a briga dos namorados, o amor revelado, a distenção, a enchente, a qualidade da vida?
Pense em outra coisa. Não impede que você reelabore planos para o restante do ano e até para o ano que vem. Esporte como outro qualquer.

Experimente agosto. Voltam as aulas, os horários. Experimente (sempre) viver.

Carlos Drummond de Andrade
(E Ton..obrigada pelo livro lindo, sobre os dias lindos e outras cositas mas).

Thursday, August 10, 2006

Faz de conta


Faz de conta que ela era uma princesa azul pelo crepúsculo que viria, faz de conta que a infância era hoje e prateada de brinquedos, faz de conta que uma veia não se abrira e faz de conta que sangue escarlate não estava em silêncio branco escorrendo e que ela não estivesse pálida de morte, estava pálida de morte mas isso fazia de conta que estava mesmo de verdade, precisava no meio do faz-de-conta falar a verdade de pedra opaca para que contrastasse com o faz-de-conta verde cintilante de olhos que vêem, faz de conta que ela amava e era amada, faz de conta que não precisava morrer de saudade, faz de conta que estava deitada na palma transparente da mão de Deus, faz de conta que vivia e que não estivesse morrendo pois viver afinal não passava de se aproximar cada vez mais da morte, faz de conta que ela não ficava de braços caídos quando os fios de ouro que fiava se embaraçavam e ela não sabia desfazer o fino fio frio, faz de conta que era sábia o bastante para desfazer os nós de marinheiros que lhe atavam os pulsos, faz de conta que tinha um cesto de pérolas só para olhar a cor da lua, faz de conta que ela fechasse os olhos e os seres amados surgissem quando abrisse os olhos úmidos da gratidão mais límpida, faz de conta que tudo o que tinha não era de faz-de-conta, faz de conta que se descontraíra o peito e a luz dourada a guiava pela floresta de açudes e tranqüilidade, faz de conta que ela não era lunar, faz de conta que ela não estava chorando.

Clarice Lispector

Amélie e Nino


E quer amor mais lindo? Quem ainda não assistiu "O fabuloso Destino de Amélie Poulain", corre. E para ter um gostinho, assista a essa amostra youtubística da menina que ama os pequenos prazeres da vida...e comece o dia mais leve!

Wednesday, August 09, 2006

Parados na estação das flores na alma (Sobre o começo do amor)

E tudo teria início no outono, onde o vento nos sopraria para um lugar só nosso, com um relógio de ponteiros infinitos, alheio ao mundo e sua pressa.

Com o frio do inverno, meu abraço te esquentaria mais do que cinco agasalhos e dois cobertores Parahyba (e sem eles, nunca mais nos atacaria a rinite).

Quando chegasse a primevera, eu seria a tua flor, a única do teu planeta feliz. Te lançaria um olhar convidativo, para que desses um cheiro aqui, no pescoço. Tu tratarias logo de abrir todos os botões que escondem meu peito nú, e me chamaria de "teu lar".

E no verão. No verão eu assopraria tua nuca para espantar o calor. Se não adiantasse, deixaria que derretesses na concha das minhas mãos. E se começasse a escorrer por entre os dedos, eu te beberia, de canudinho.

*E assim, com você sendo parte de mim, passaria o resto da vida. A inventar novas estações, a reinventar um amor (que desabrocha agora).

Friday, August 04, 2006

That's Mila

Nem isso, nem aquilo
Quase isso, quase aquilo
Às vezes isso, às vezes aquilo
Um pouco disso, um pouco daquilo
Tudo isso, tudo aquilo
That's me
(that's Mila).

Wednesday, August 02, 2006

Ah, vocês dois...

Você saiu sem olhar para trás.
Ela bateu a porta e passou a chave no coração.
E isso foi há um século, parece, vocês dois mudaram tanto.

E ela que jurava não te querer nunca mais. E ela que tinha nojo, tinha raiva, tinha pena da sua pequeneza, menino tacanho.
E ela que desdenhava por tanto desejar desmedidamente.
Depois relevou, repensou, de que valia tanta raiva, tanto desprezo fingido, ela que tanto te admira, e enfim, que mal havia? Amigos, então.

Mas agora essa...

Desejo do tipo bandido que cola na gente, pede pra ficar quieta e ir andando, e ela vai indo, nem se importa se corre perigo. Desejo de ser pega pela cintura e então revelar logo qualquer segredo universal. Ainda bem que ela não é da maçonaria, acho que é por isso que não permitem mulheres lá. Eu sei porque sou mulher. E é só um carinhozinho despretencioso e pronto, é lindo, é meigo, é fofo, é o amor da nossa vida.

Mas amor, ali, não.

É um desejo profundo.
Uma amargura que quanto mais perto chega, mais doce parece, sensação agridoce.
Um carinho intenso, mãos firmes, porém - quase nunca - rudes.
E quando o são, são apenas de tanto o peito feminino e arfante implorar por fortaleza.
Uma dureza de pedra.
Mas lábios que beijam com língua de flores.
Pétalas macias de sabor suave.
E o olhar forte, cortante, duas facas apontadas para aqueles olhos de menina perdida.
E o sono leve, como pluma flutuante no seu pensamento, alisando seus cabelos vezenquando.

E a vontade inesgotável.
E o desejo incessante.
Daquela mistura de movimentos sutis e bruscos.
A alternância entre beijos longos e efêmeros.

E o medo.
O medo de nunca saber qual o próximo passo dessa valsa às escuras, maldita.
E de nunca saber a quantos passos já estarão do abismo, do fim.
Pois o escuro cega.
Mas a claridade nos dá, em alguns momentos, uma cegueira branca a la Saramago, uma ilusão de ótica, paixonite aguda (e definitivamente idiota).

Tuesday, August 01, 2006

Feels like home



Safe... when I'm with you I feel so safe... like I'm home.

(Garden State - Hora de Voltar)

O que o dinheiro não compra

Dinheiro compra batom escarlate, mas não paga aquele sorriso escancarado;

Dinheiro compra carro com vidro automático, mas não paga o vento batendo no rosto;

Dinheiro compra violão, mas não compra a voz do Danilo cantando Chico, sempre Chico;

Dinheiro compra a gasolina para nos levar até a "Praça do Pôr-do-Sol", mas não paga o sol que lá se põe, e mareja os olhos.

Para a rua me levar

E em três dias de incursões líricas, poéticas, lúdicas, fílmicas, harmônicas, gustativas, dramáticas...3 dias que foram quase que totalmente noites, de puro êxtase, imagens, gostos, cheiros. E som, muito som (um pouco de fúria, claro). Em meio a tantas coisas lindas, inesquecíveis, uma citação, apenas uma citação:

Depois de doze anos sem olhar pra cara, sem ter notícia...e na mesma semana em que fui "provocada" pelo meu amigo Zé a escrever a minha versão de "futebol x amor x outra coisa"...

Eis que na sexta-feira me deparo com o tal menino do texto, aquele que ficou para trás, enquanto eu corria atrás da bola...simbolizando todos os que viriam, seriam mais, muito mais do que colegas de classe, e ainda assim ficariam pelo caminho.

Na lanchonete do Acácio, um ícone do Tatuapé...Leandro.
Ele e a esposa.
Estavam saindo, provavelmente indo para casa, curtir um friozinho debaixo das cobertas.
Eu, chegando, um lanche rápido antes de uma noite que acabaria no sábado às 9 da manhã, tocando violão com recém-velhos-amigos, numa praça qualquer, dançando na rua de asfalto e garoa que por um instante parecia ser só minha. E dessa vez...a rua me levou (e não me deixou para trás).