Friday, July 07, 2006

Apenas um texto

Só escreverei um texto. Texto típico, aqueles de caberem na minha vida em várias
fases...e agora não importa quando isto foi escrito, pois, como alguém (que me
conhece bem mais do que eu me conheço) já me disse, impaciente: "já vi este
filme"...esta história já se passou por muitas vezes...e só uma pergunta para a
Senhora Providência: "Até quando???" Deixa para lá, vamos viajar um pouco no
inconsciente, sem pretenção de ser Clarice Lispector:

Moça, já adulta...e aí, chorando copiosamente. Choro de criança, afoito e com falta de ar. E, não, ninguém fez a maldade de me chamar de gordinha ou quatro-olhos, estas coisas bobas que ouvimos na infância e levamos conosco a vida toda. Ninguém me ignorou quando eu pedi para brincar de esconde-esconde...e nem posso dizer que o que me falta é um pouco de glicose no sangue, pois acabei de devorar alguns chocolates, mesmo sabendo que comida é só uma forma de escapar, como dormir...não briguem com as pessoas ao meu redor...ninguém me fez chorar.
Quem, tão depressivo, precisaria de alguém que o tratasse tão mal quanto ele próprio a si mesmo? Esta dor, é meio como as ondas do mar, e não sei se digo isto porque assisti "o carteiro e o poeta" e chorei ao ouvir metáforas sobre o mar...e meu choro...meu choro não era para o Pablo Neruda, ou pra o seu carteiro inspirado... mas, voltando a falar da dor em questão...ela é uma onda em minha vida que vai e volta...quando vai, a esqueço. Parece que nunca mais sentirei aquele frio, e caminho feliz pela areia...e aí tem dias, dias como hoje, que caminho descuidadamente e sem chinelos por esta praia, aí vem esta onda repentina e me enche da dor mais profunda e inexplicável...é, eu deveria saber o quanto o mar da vida é inconstante...Mas deixa para lá...quando começo a escrever muitas palavras com o prefixo de negação "in", sei que é hora de parar. Deixa...deixa que esta onda me leva, mas me traz de volta. Logo, espero.

(26/03/2004)

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