Friday, July 07, 2006

A estrada

Hoje estou meio Milton: com a alma repleta de chão. Vontade de sair sem destino,
sair por aí. Buscar o que é meu, só meu, irrevogavelmente meu. Ver que o mundo só é grande para quem anda de avião. E que pra quem anda sem destino, ele cabe na palma da mão (diria Augustinho Licks em tempos longínquos). Tenho medo quando isso acontece, pois é sempre num domingo esperançoso que culmina numa segunda-feira com indigestão, depois de tentar engolir o mundo e não
conseguir. Quero muito. Quero tudo. E quero agora. Mas só até chegar perto de conseguir. Aí,
quando estou prestes a finalizar algo em minha vida, eu desisto. Invento para mim
mesma uma dor físca que camufle a dor na alma. Dor de quem pode resumir sua vida
num círculo desenhado num papel, um círculo que não se fecha, para que sua extremidades
jamais se cruzem, de maneira completamente irritante. Assim é minha vida.

27/01/2005

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