Friday, January 19, 2007

A menina que amava tulipas

Nunca conheci em minha vida menina tão colorida. Ela tinha nuances. Cores vibrantes quando algo bobo a deixava feliz, tonalidades acinzentadas quando o mundo tentava (inutilmente) mostrar que não valia a pena ser assim, toda ao contrário. Até que um dia a menina viu pela primeira vez um campo de tulipas.
E sua vida, daí por diante, não seria a mesma. A menina não gostava de buquês, nem de colher as flores para condená-las a um copo d'água disfarçado de vaso. Ela gostava mesmo era de admirar sua cor, sua vida. Gostava delas no jardim, entre suas companheiras, multicoloridas.
Mas, e com um certo pesar, a menina tinha lá, em silêncio, a tulipa preferida do seu jardim. Era uma tulipa avermelhada, que por fora tinha matizes delicadas, cor-de-rosa, mas por dentro era dum vermelho escarlate que lhe doía como um coração sangrando. A menina já nem ligava mais para o resto das flores de seu jardim, dispensava atenção exclusiva para sua tulipa de coração rubro.
E então, num dia de céu azul-amarelado, a menina percebeu: ela havia virado mulher. E, meus amigos, a tal moça recém-desabrochada, tinha o coração sangrando, transbordando...de amor.

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