Thursday, September 21, 2006

Sobre a existência humana

Caiu na minha mão (na verdade, caiu na minha cabeça quando eu arrumava a estante de livros) um livro que há alguns anos dei para minha mãe (e tenho a ligeira impressão de que o livro está imóvel na estante desde aquele dia): "A razão da existência humana", de L.A. DoValle. Um título pretencioso, mas bah, eu sempre fui chegada em pessoas arrogantes (porque de gente em cima do muro, basta eu).
Estou quase no fim, e para ser coerente com minha natureza "mais ou menos/qualquer um tá bom/ dá o que tiver" eu ainda não sei dizer se estou gostando. Eu leio, concordo, discordo e na maioria das vezes, não acho nada sobre o assunto. Minha religião é a ignorância total dos por quês divinos (leia-se: agnóstica). Têm coisas que SÃO. E isso é tão maior do que perguntar POR QUE O SÃO? Estou aí. Aberta para o que tiver que saber. Mas até hoje....nada sei sobre a razão da existência humana. O livro diz algumas coisas que eu até já achava, de certa forma. Mas ele não fala em carma, evolução, aprendizado, não com essas palavras. Ele quer, a toda prova...provar algo (uma necessidade humana, que entendo, mas não compreendo). Para isso lança mão de testes, pesquisas, recorre até a pirâmide do bom e velho Maslow (e eu lembro do querido Igor contando a historinha sobre a troca das necessidades básicas na vida de Einstein).
DoValle afirma que a vida material (não puramente espiritual) é um estágio do espírito na forma humana, pois somente vivendo num corpo passaremos por fome, sede, frio. E para saciar essas necessidades básicas: trabalhamos. Trabalho no sentido amplo da palavra, não fala do emprego, e sim do ESFORÇO. Para o autor, nossos espíritos não têm esse ímpeto de crescer, evoluir, obter mais conhecimentos por puro prazer. Então, em matéria, nosso corpo nos "impele" a conseguir.
O livro é certamente cheio de superficialidades. E, embora tente fugir de clichês (com frases irônicas e bem sacadas, em alguns momentos), no fim das contas, é apenas um livro pretencioso que se propõe a mudar sua vida (leia-se: auto-ajuda disfarçado de teoria científica). Acaba por trazer velhos ensinamentos e conceitos que minha avó já usava.
Mas, há sempre o que aprender. Como diz o autor numa passagem (vou escrever com as minhas palavras, já aviso):
"Eu nunca me perguntei de que me servia saber tal coisa. A pergunta certa é: de que me servia, antes, não saber sobre isso?"
E eu, como devoradora de livros, revistas, artigos, bula de remédio, parte de trás do vidro de shampoo ou tudo que tenha palavrinhas...escolho o saber. O saber doloroso, o saber inútil, o saber leve, não importa. O saber, sempre (se não for um aprendizado, é um exercício de paciência).

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